Quem vê o nosso manto sagrado nunca imaginou que o Timão, nos seus
primeiros anos de vida, nem escudo tinha. Como time do povo que sempre
foi o alvinegro era da várzea e, de setembro de 1910 até 1914, os
jogadores não andavam engomados e bem vestidos como os outros. A camisa
corinthiana – que era bege com punhos pretos - não tinha escudo, até
porque, nesse tempo o futebol era um esporte de elite no Brasil. Mas
como sempre, o Corinthians acabou fugindo dos parâmetros e abraçou as
classes mais humildes.
O primeiro distintivo não surgiu em uma partida de futebol. Foi
durante uma corrida de 10 km, na época denominada de Taça Unione
Viaggiatori Italiani, no Parque Antártica, que o primeiro resquício do
que seria o escudo corinthiano, apareceu. Hoje, esta competição é
conhecida como São Silvestre, uma das mais famosas do país. Quem
competiu pelo nosso glorioso Timão foi João Collina (um operário
espanhol). Ele trouxe em sua camisa as siglas CP entrelaçadas no canto
esquerdo do peito. Foi à primeira competição oficial do Coringão em 1912
e a primeira vez que o CP foi registrado na história.
Foi para entrar na Liga Paulista de Foot-ball que, as presas, o time
de futebol do povo teve que criar um distintivo. As letras C e P
sobrepostas foram bordadas nas camisas desbotadas dos jogadores, às
vésperas da partida. Este mesmo símbolo, só que mais trabalhado, foi
revivido na camisa oficial do centenário, no ano passado. Existem
registros fotográficos revelando que, em junho de 1914, o Corinthians
jogou contra o Germania e ganhou de 3x1. O símbolo utilizado não era o
tradicional CP, e sim o P com um C pendurado, como se fosse uma
ferradura.
Ainda em 1914 o litógrafo Hermógenes Barbuy, irmão do jogador Amílcar
Barbuy, criou o terceiro distintivo para o Corinthians, com a letra S
incluída. Em 1916 nosso escudo mudou mais uma vez. Contornado por um
circulo, o SCP agora ficou entrelaçado, com uma fonte mais fina. Este
símbolo teve diversas mudanças, até que o distintivo de Hermógenes
voltou com o fundo preto.
Já o símbolo de 1919 mudou totalmente. Um círculo preto era
preenchido pelo nome completo do clube com a data de fundação escritas
na cor branca. No centro, a bandeira paulista ficou estampada como se
estivesse em movimento. Só em 1940 que o nosso escudo começou a tomar as
formas próximas das atuais.
Surge então, a âncora e os dois remos vermelhos, fazendo referência aos
esportes náuticos praticados pelo clube. Esta versão foi criada pelo
pintor modernista Francisco Rebolo Gonsales, ex-jogador do Corinthians
no ano de 1922. Com o passar do tempo a versão de Francisco sofreu
alterações, mas o esboço continuou o mesmo.A bandeira de São Paulo,
neste símbolo, não possui as 13 listras oficiais, mas com as mudanças
seguintes, elas apareceram.
Finalmente chegamos à década de 90. Neste período foi adicionada a
estrela pela conquista do primeiro Campeonato Brasileiro. A âncora
sofreu mudanças estéticas, assim como o círculo central. No entanto, em
1998 e 1999 as outras estrelas do Brasileirão também foram inclusas,
assim como no ano de 2000, quando ganhamos o Mundial de Clubes da FIFA.
Esta é diferente: possui um contorno prateado para diferenciar-se das
demais. A última a brilhar em nossa camisa foi a do campeonato nacional
de 2005. O Corinthians foi tetra campeão Brasileiro e estampou mais uma
conquista no manto sagrado.
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